Terreiro Teatralidades Pretas

Esse Terreiro terá dois eixos que se complementam:

Em seu primeiro momento um eixo teórico de estudos com Salloma Salomão a partir das Negras InsUrgências: Teatros e dramaturgias negras em São Paulo: Perspectivas históricas, teóricas e práticas.

E em seu segundo eixo, que terá início no segundo semestre, os encontros se propõem a entender e investigar alguns procedimentos e recursos poéticos utilizados em traduções dramatúrgicas de obras que se configuram como rastros de uma existência política. Bem como exercitar possibilidades, por meio da criação de textos, da palavra escrita, falada e cantada. A partir dessas elaborações coletivas, apresentar de forma ampla alguns procedimentos de criação teatral partindo das experiências da orientadora Aysha Nascimento e do orientador Jé Oliveira no Teatro Negro.

Esses procedimentos têm como ponto de partida os jogos teatrais, a musicalidade, as experimentações na oralidade e nos conceitos sobre construção da imagem e imagem construída no fazer teatral, suscitando reflexões cênicas sobre as representações, pontos de vista e ainda, sobre as construções de novos imaginários e novas disputas de narrativas através de procedimentos calcados nos processos colaborativos e no Teatro narrativo.

Programas de aulas do primeiro semestre

1 - Entre o teatro popular e experiência negra.

As dimensões teóricas e aprendizagens empíricas num território artístico em litígio. (Cleber Lourenço)

2 - Teatro negro seus valores filosóficos antigos e modernos

Capítulo dedicado a refletir sobre os valores civilizatórios  e cosmovisões africanas e afrodiaspóricas na construção do mundo e do Brasil contemporâneos.

3 - Joel Rufino e Elisa Larkin: Teatralidade e dramaturgia negra no Brasil em perspectiva histórica.

Capítulo dedicado a refletir sobre a ausência de crítica a narrativa oficial do teatro nacional brasileiro e os limites da abordagem de apologia ao TEN. Ou ainda história oficial do teatro brasileiro e a invisibilização dos descendentes de africanos.

4 - Otelo e Oroonoko: O teatro ocidental e as pessoas africanas escravizadas e livres.

Capítulo dedicado a historicizar brevemente sobre os corpos negros em cena. A partir de fragmentos de figuras negras na paisagem teatral europeia durante o tráfico negreiro.

5 - Em busca de uma abordagem teórica, entre leda Maria Martins e José Fernando Peixoto.

Capitulo que busca entender e dar a refletir sobre as possíveis abordagens teóricas de negros e brancos no teatro e na história social da cultura paulista, a partir de uma episódio ocorrido no teatro Municipal na primeira metade do século XX.

6 - Entre práticas dispersas potentes e antigos jogos de poder, o saber fazer teatral.

Dedicado a refletir sobre as práticas e conceitos dos  teatros de grupos negros e seus impasses, tensões, cisões e superações.

Bibliografia ou materiais de referência — Primeiro Semestre

ANDREWS, George Reid. Negros e brancos em São Paulo (1888 – 1988). Bauru-SP, EDUSC, 1998 [Trad.: Magda Lopes]. 

BARBOSA, Márcio. (org.) Frente Negra Brasileira: depoimentos. São Paulo, Quilombo hoje, 1998. 

CUTI, L. Jose Correia leite. …E disse o velho militante. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1992.

DOMINGUES, Petrônio. Uma história não contada: negro, racismo e branqueamento em São Paulo no pós-abolição. São Paulo, Ed. Senac, 2004.

FERNANDES, F. O negro no mundo dos brancos. corpo e alma do Brasil. São Paulo: Difusão Européia do Livro. 1972. 

_____. A integração do negro na sociedade de classes. 3aed. São Paulo, Ática, 1978.

_____. Significado do protesto negro. Cortez: São Paulo, 1989.

GILROY, P. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed 34; Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2001. 

GUIMARÃES, Antonio Sergio Alfredo e HUNTLEY, Lynn (org.). Tirando a máscara: ensaios sobre o racismo no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 

LÉVI-STRAUSS. C. Saudades de São Paulo. São Paulo: Companhia das letras, 1996. MUNANGA, Kabenguele. Negritude afro-brasileira: perspectiva e dificuldades. In: Revista de antropologia, no 1 33 – p. 109 – 118 – FFLCH / USP, 1990.

_______. Construção da identidade negra: diversidades e contextos e proble- mas ideológicos. In: Josildeth Gomes Consorte & Márcia Regina da Costa. Religião, Política, Identidade. São Paulo, série Cadernos PUC, EDUC, 1988. 

MOURA, Clóvis. Organizações negras. In: SINGER, Paul e BRANT, Vinícius. (orgs.) São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis, Vozes/ CEBRAP, 1980, pp.143-175. 

PINTO, Regina Pahim. O movimento negro em São Paulo: luta e identidade. Tese de doutorado, Antropologia, USP, 1993.

ROSA, Allan da. Pedagoginga, autonomia e mocambagem. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2013. SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade. São Paulo: Edusp, 2009.

SCHWARCZ, L. M. Retrato em branco e preto: jornais, escravos e cidadãos em São Paulo no fim do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

_______& REIS, L. V. S. Negras Imagens, ensaios sobre cultura e escravidão no Brasil. São Paulo: Edusp – Estação Ciências, 1996.

_______ & QUEIROZ, R. da S. (org.). Raça e Diversidade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Estação Ciência: Edusp, 1996.

SILVA, Salloma Salomão Jovino da. A polifonia do protesto negro, dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2000.

_____,AZEVEDO, A. M. Os sons que vêm das ruas. A música como sociabilidade e lazer da juventude negra urbana. In: ANDARADE, Elaine Nunes. Rap e Educação, Rap é educação. São Paulo: Selo Negro, 1999.

___________. Invisibilidade histórica da multidão no Brasil. In: SANTIAGO,Homero;TIBLE, Jean; TELLES, Vera (orgs). Negri no trópico 23o26’14”. São Paulo: Autonomia Literária: Editora da Cidade: N-1 edições, 2017.

___________. Apresentação. In: SILVA, Ana Caroline e GUE- LEWAR, Whellder . Terça Afro- território de afetos. 2011. Ciclo Contínuo Editorial: São Paulo, 2016.

__________& SCHOR, Patrícia. Representações, estereotipias negras, cruzamentos (im)prováveis entre folclore holandês e o teatro paulista. Projeto História, São Pau- lo, n. 56, pp. 69-91, Mai.-Ago. 2016.

__________. Negras Dramaturgias: Coletivo Negro. Prefácio. ISBN 978-85-69645-00-9. 2015.

__________. Teatro negro e a (o) negra (o) no teatro: estética, resistência e anunciação. In: GOMES, Carlos Antônio Moreira e MELLO, Marisabel Lessi de (orgs). Diálogos teatrais. O fomento compartilha ( 2013-2015) São Paulo: SMC, 2014.

__________(org).Capulanas cia de arte negra: Sob o signo da rein- venção. In: (EM)GOMA: Dos pés a cabeça, os quintais que sou. São Paulo: Capulanas, 2011.

____________. Da ponte pra cá: Que cidade te habita. Sampa negra: Periferia, Contracultura e Antirracismo. Revista Observatório Itaú Cultural. Número 21 (Nov. 2016/Maio 2017) São Paulo: Itaú Cultural, 2017.

Segundo Semestre

ABREU, Luis Alberto de. A restauração da narrativa. O Percevejo, Rio de Janeiro, ano 8, n.9, pp 115-125, 2000.

BERTH, Joice. O que é empoderamento? .Belo Horizonte-MG: Letramento: justificando. Feminismos Plurais. 2018

BOGART, Anne e LANDAU, Tina. O livro dos Viewpoints: um guia prático para viewpoints e composição. Ed. Perspectiva. 2017.

CRESPOS, Cia. Legítima Defesa: Uma revista de Teatro Negro. Ano 1- Número 1- 2o semestre de 2014.

FERNANDES, Ciane. O corpo em Movimento: o sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas – 2a edição – revisada e atualizada- São Paulo: ed. Annablume, 2006

HOOKS, Bell. Olhares Negros: raça e representação. Trad. Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2019.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. – e. ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017

INVENTIVOS, Companhia dos. Trilogia Inventiva: Processos e dramaturgias para um Teatro de rua. – Bragança Paulista- SP: Editora Urutau, 2016.

KUSNET, Eugênio. Ator e método. 2. ed. Coleção ensaios no3 – Rio de Janeiro, Instituto Nacional de Artes Cênicas, 1985.

LOUPPE, Laurence. A poética da dança contemporânea. Ed. Orfeu Negro. 2012

MULLER, Jussara. A escuta do Corpo: Sistematização da técnica Klauss Vianna, 2007

NASCIMENTO, Beatriz. Uma História feita por mãos negras: relações raciais, quilombos e movimentos. Org. Alex Ratts. 1.Ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2021.

NEGRO, Coletivo. Negras Dramaturgias – Volumes 1 e 2. São Paulo 2015 e 2018

ROSA, Allan da. Pedagoginga, autonomia e mocambagem. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2013. SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade. São Paulo: Edusp, 2009.

OLIVEIRA, Jé. Farinha com açúcar ou sobre a sustança de meninos e homens. 1. Ed. – Belo Horizonte: Ed. Javali, 2018

OYÊWÙMÍ, Oyèrónkẹ. A invenção das mulheres: construindo um sentido africano para os discursos ocidentais de gênero. Trad. Wanderson Flor do Nascimento. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte-MG: Letramento: justificando. Feminismos Plurais.2017

SALLOMA, Salomão e NEGRA, Capulanas Cia de Arte. Negras Insurgências, Teatros e dramaturgias negras em São Paulo: perspectivas históricas, teóricas e práticas. São Paulo: Ciclos contínuos, 2018.

SILVA, Luciane. Corpo em diáspora: colonialidade, pedagogia de dança e técnica Germaine Acogny. Campinas, 2017

WEEMS, Clenora Hudson-. Mulherismo Africana: recuperando a nós mesmos. Trad. Wanessa.A.S.P Yano. São Paulo: Ed. Ananse, 2020.

Minibio dos Orientadores

Salloma Salomão

É compositor, educador, ator, dramaturgo auto formado e socialmente construído. Dialogando de forma tensa com a produção artística e cultura hegemônica criou uma obra que se estende dos dias atuais ao início dos anos 1980. Foram 6 cds Gravados, 3 Dvds, textos publicados em revistas e livros impressos e meios digitais. Doutorado em História pela PUC-SP, com estágio na Universidade de Lisboa. Se projeta como intelectual/artísta público no ensino superior e projetos continuados de formação educacional e artístico-cultural. Cria e difunde pesquisa e música para teatro, dança e cinema por meio de inúmeras parcerias. Seus trabalhos mais recentes, a peça musical Agosto na Cidade Murada (2018) e a trilha sonora do Filme Todos Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, selecionado para o Festival de cinema de Berlim e Premiado no Festival de Cinema de Gramado em 2020, além de participações dos documentários Dentro da minha pele de Venturi Gomes  e  Deixe que digam sobre Jair Rodrigues de Rubens Rewald.

Aysha Nascimento

Atriz, dançarina e diretora de Teatro, formada pela Escola Livre de Teatro de Santo André (2007) e licenciada e bacharelada em Dança pela Universidade Anhembi Morumbi (2018). Integrante fundadora da companhia de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo Cia. Dos Inventivos (2005). Integrante fundadora do grupo de Teatro Negro Coletivo Negro (2008). Integra como intérprete criadora desde 2016 a companhia de Dança Negra contemporânea a Cia Sansacroma fundada em 2002 e Intérprete-criadora da companhia de dança Núcleo Ajeum (2019). Na docência seus principais trabalhos foram: Artista docente convidada SP ESCOLA DE TEATRO DO ESTADO DE SÃO PAULO (2019-2020). Ministrou aulas de teatro no Curso de extensão da SP ESCOLA DE TEATRO DO ESTADO DE SÃO PAULO (2021) Artista Colaboradora no Projeto Artes e Comunidades do INSTITUTO PROCOMUM – Santos (2021). Ministrou aulas de formação teatral para os Jovens Monitores da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo – PJMC LINGUAGES (2019, 2020, 2021

Jé Oliveira

É formado pela Escola Livre de Teatro de Santo André e pelo SENAC. É ator, dramaturgo e um dos diretores-fundadores do Coletivo Negro, está graduando-se na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH, no curso de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo – USP, onde é pesquisador subsidiado pelo CNPq. Com o Coletivo Negro foi indicado aos Prêmios Cooperativa Paulista de Teatro, nas seguintes categorias: Grupo Revelação e Melhor Elenco, no ano de 2012, por meio da obra: Movimento Número 1: O Silêncio de Depois…, onde é um dos diretores e autor da dramaturgia. Também com este grupo foi contemplado na XXI edição da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. Atua e fez a dramaturgia do espetáculo: Taiô, da Cia do Miolo, espetáculo indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro, na categoria: Melhor espetáculo de Rua, no ano de 2013. Foi por cinco anos (2005-2010) integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, onde ganhou prêmios como o Shell, Coca-Cola e o Cooperativa Paulista de Teatro. Atualmente trabalha junto a Cia dos Inventivos na criação dramatúrgica do espetáculo: Azar do Valdemar, via contemplação na XXIII edição da Lei de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo. Assina a dramaturgia, direção e proposição do espetáculo FARINHO COM AÇUCAR OU SOBRE A SUSTANÇA DE MENINOS E HOMENS (2012) e a direção e concepção do espetáculo “GOTA D’ÁGUA {PRETA} (2019)

ELT 30 anos de experiência em teatro e formações.

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